quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Alice no País das Maravilhas (Disney, 1951)

O post será sobre um filme de um dos meus livros favoritos: Alice no País das Maravilhas!

Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, no original; popular e atualmente é chamado de Walt Disney's Alice in Wonderland) é um clássico que foi lançado originalmente em julho de 1951, e era um filme que Walt Disney mais queria realizar desde o início da Disney, e lançado um ano após Cinderela, de 1950.
É o décimo-terceiro longa metragem do catálogo de filmes da Walt Disney Feature Animation (conhecido popularmente como Clássicos Disney). 

O longa foi baseado não apenas no livro de mesmo nome (Alice's Adventures in Wonderland) de 1865, como também foi baseado na continuação do livro Através do Espelho e o que Alice encontro por Lá (Through the Looking-Glass and What Alice Found There), de 1871, ambos de Lewis Carroll.
O longa também foi inspirado na série live-action e animação Alice's Comedies (Comédias de Alice) dos meados da década de 1920, antes do Mickey Mouse e do Coelho Oswaldo (Oswaldo, antes de ser "roubado" pela Universal, apareceu no curta Trolley Troubles, de 1927, antes do Mickey).

História e Produção de Alice no País das Maravilhas
    
 Alice no País das Maravilhas é um livro favorito de Walt Disney, como todos sabem. Walt gostava tanto dos livros de Lewis Carroll, que Alice no País das Maravilhas seria o primeiro clássico.
A ideia inicial de Alice no País das Maravilhas foi em 1932, quando a Disney comprou os direitos de ilustração de John Tenniel, e que seria um filme que mistura cenas reais com cenas animadas e que a atriz Mary Pickford faria o papel de Alice, mas a ideia foi cancelada porque a Paramount já havia um filme live-action da Alice em 1933 e o estúdio decidiu se concentrar em Branca de Neve e os Sete Anões (1937).
  A produção voltou em 1939, devido ao sucesso de Branca de Neve e os Sete Anões. Porém a produção foi engavetada novamente, por causa da Segunda Guerra Mundial, e na época, a Disney só tinha recursos para fazer curta-metragens.
Então em 1946, com o sucesso do filme A Canção do Sul (1946), o longa voltou a ser produzido.

Ainda com a ideia do longa ser live-action e animação, Walt Disney queria que o longa tivesse o mesmo efeito utilizado em Você Já à Bahia e A Canção do Sul. A essa altura, a Disney havia contratado a menina Luana Patten, que havia interpretado a menina Ginny no filme de 1946 e participado no longa Como é Bom se Divertir (1947), para interpretar Alice. No entanto, aproximadamente no final da década de 1940, Walt Disney decidiu que o longa seria totalmente animado, retirando toda a ideia de filme live-action e animação.
Luana Patten foi substituída por Kathryn Beaumont, uma atriz-mirim inglesa, para que desse a voz para a heroína que foi convidada pelo próprio Walt Disney que sentia que a personagem-título precisava trazer identidade ao público inglês.  
Luana com Edgar Bergen e seu personagem Charlie McCarthy em uma cena de Como é Bom se Divertir (1947)
Walt Disney queria voltar aos longas com Alice no País das Maravilhas, mas Roy Disney achou que não seria uma boa ideia e que sugeriu retornar com Cinderela (1950), pois era o conto muito falado na época e foi lançado no ano de 1950, e fez muito sucesso na época, mas Walt Disney não desistiu de produzir Alice no País das Maravilhas e foi lançado no ano seguinte.
Porém para o desapontamento de Walt, o longa não teve o efeito que ele tanto queria, e ele e os produtores sentiram que o filme não atendeu as expectativas.
O filme foi fria e rigidamente criticado, principalmente por críticos ingleses. Os ingleses acusavam Walt de ter americanizado as obras inglesas. Outra crítica também é devido as liberdades tomadas em adaptar os livros de Lewis Carroll. 
Apesar de ser duramente criticado, o longa teve um público relativamente bem, mas foi considerado um fracasso para os críticos.
      As bilheterias foram medianas, mas foram bastante para afirmar que o filme foi um sucesso nos anos 50. A decepção foi a reação que Walt teve com o filme que ele mesmo produziu: disse que o filme "não tinha coração". 
Walt Disney deixou Alice no País das Maravilhas passar na televisão, contra a sua própria vontade.
O longa foi guardado no cofre durante 20 anos, até ser relançado nos anos 70 e ter todo o sucesso que o longa merecia e que Walt queria.

Sinopse
        Alice, cansada de ficar ouvindo a lição de casa com sua irmã (não é a mãe dela), começa a querer a ter um mundo próprio.
Com isso, ela acaba seguindo um curioso coelho branco antropomórfico falante com um grande relógio e acaba levando-a ao País das Maravilhas, um mundo paralelo mágico em que possui um Dodô, dois gêmeos idênticos chamados Chico Bam e Chico Bum (ou Tweedledee e Tweedledum), um jardim com flores "vivas" (na verdade, antropomórficas), uma Lagarta azul que fuma narguilé (cachimbo oriental com base de água), um Chapeleiro e uma Lebre loucos, e uma Rainha feroz e autoritária.

Elenco
Elenco Original
Kathryn Beaumont no papel de Alice. Kathryn também fez referências as animações da menina. Ela fez participação no filme One Hour in Wonderland, vestida como a personagem título.
        Kathryn Beaumont foi quem emprestou sua voz a doce e curiosa Alice. A atriz tem um sotaque britânico perfeito para a inglesinha. Kathryn foi acusada de não ter dado personalidade a menina, mas isso não impediu de ela ter dublado mais tarde a jovem heroína Wendy, do longa Peter Pan (1952).
    Kathryn também fez propagandas da Disney, no papel de Alice, ao lado de Bobby Driscoll, que dois anos depois estariam interpretando Wendy e Peter Pan, respectivamente, no filme Peter Pan.


           O comediante Ed Wynn deu a sua voz ao Chapeleiro Louco. Ed, mais tarde faria o papel do tio de Mary Poppins, no filme live-action e animação Mary Poppins (1964).
Ed Wynn faleceu em 1966.


     Verna Felton foi quem dublou a temível Rainha de Copas. Verna já estivera na Disney antes de dublar a Rainha de Copas. Seus papéis anteriores foram a Elefanta Matriarca e a Sra. Jumbo (não foi creditada esta última), do filme Dumbo (1941); e a Fada Madrinha, de Cinderela. Verna mais tarde dublaria a tia Sarah (de A Dama e o Vagabundo (Lady and the Tramp, 1955)), e a fada Flora, de A Bela Adormecida (1958), a elefanta Eloise do curta Golias II (Goliath II, 1960) e a elefanta Winifred (Godofreda, no Brasil) do longa Mogli, o Menino Lobo (The Jungle Book, 1967), sendo esta seu último papel.
Verna Felton faleceu em 1966, um dia antes de Walt Disney.


Bill Thompson emprestou a sua voz ao Coelho Branco e ao Dodô, que contracenam. Bill dublou o guarda florestal J. Audubon Woodlore (Sucupira, no Brasil). Depois de dublar o Coelho Branco e o Dodô, Bill deu a voz ao Smee (Barrica, no Brasil) do longa Peter Pan; os cães Joca e Caco, do longa A Dama e o Vagabundo, o rei Humberto, de A Bela Adormecida e o ganso bêbado Tio Waldo, do longa Aristogatas (1970), sendo este seu último papel. Bill faleceu em 1971.


Fonte: Michael Sporn Animation
O comediante Jerry Colonna deu a sua voz a Lebre de Março. Colonna já esteve na Disney antes de dublar a Lebre. Narrou o curta Casey at the Bat, do filme Música, Maestro! (Make Mine Music, 1946) e o curta O Bravo Engenheiro (The Brave Engineer, 1950). Depois faria o papel de um engenheiro num brinquedo da Disney World, no ano de 1955. 
Colonna faleceu em 1986.


Da esquerda para direita, Kathryn Beaumont e Sterling Holloway
Sterling Holloway emprestou a sua voz ao misterioso Gato de Cheshire. Seus papéis anteriores foram a Cegonha em Dumbo, a voz de Flor adulto, no filme Bambi (1942), narrador de curtas como Pedro e o Lobo, do filme Música, Maestro!
      Sterling depois de dublar o Gato Risonho, narraria o curta Golias II e dublaria o Ursinho Puff nos curtas Puff e a Árvore de Mel (Winnie the Pooh and the Honey Tree, 1966), Puff e o Dia Chuvoso (Winnie the Pooh and the Blustery Day, 1968) e Puff e o Tigre Saltador (Winnie the Pooh and Tigger Too, 1974) e no longa Puff, o Ursinho Guloso (The Many Adventures of Winnie the Pooh, 1977); Kaa, do longa Mogli, o Menino Lobo e também o rato Roquefort, de Aristogatas. Holloway faleceu em 1992.    

       Heather Angel deu a sua voz a Irmã de Alice. Heather, mais tarde dublaria a mãe de Wendy, Sra. Mary Darling, de Peter Pan.  

    Queenie Leonard dublou a Pomba que acusa Alice de ser uma serpente, e que queria comer os seus ovos e também a Orquídea esnobe (esta não foi creditada). Queenie mais tarde dublaria uma das vacas em 101 Dálmatas (1961) e interpretaria uma moça anônima no banco do Sr. Banks em Mary Poppins (1964) (também não foi creditada). 

Queenie Leonard faleceu em 2002.

Doris Lloyd dublou a Rosa Vermelha. Doris também fez uma participação especial como uma banqueira em Mary Poppins.

O quarteto de cantores The Mellomen dublou as Cartas Jardineiras. Os cantores depois de Alice no País das Maravilhas, cantariam no curta metragem do Pato Donald Trick or Treat (Doce ou Truque, no Brasil, 1952) e em longas posteriores como Peter Pan e Mogli, o Menino Lobo, e dublar os cães do canil em A Dama e o Vagabundo.

Lucille Bliss, que não foi creditada, providenciou as vozes dos Girassóis e das Violetas. Lucille dublou Anastásia em Cinderela, e canta a canção do comerical Caninosso em 101 Dálmatas.

Norma Zimmer, que também não foi creditada, dublou a Rosa Branca durante a canção The Golden Afternoon.

Larry Grey na voz do Lagarto Bill. Larry Grey faleceu em 1951 após Alice no País das Maravilhas.

James McDonald foi quem dublou o Dormidongo. McDonald dublava o Mickey durante os anos 50 até 1977, após Walt Disney em Como é Bom se Divertir (1947). McDonald dublou também os ratinhos Zezé e Tatá e os latidos de Bruno em Cinderela (1950).
Jimmy McDonald faleceu em 1991. 

Richard Haydn dublou a Lagarta Azul. Faleceu em 1985.

J. Pat O'Malley dublou os gêmeos Chico Bam e Chico Bum, a Morsa e o Carpinteiro e a Mãe Ostra que recusou sair da concha.

Pat O'Malley também faleceu em 1985.

Dublagem Brasileira
               
           No Brasil, Alice no País das Maravilhas teve duas dublagens: uma de 1951, e outra feita em 1991, sob encomenda do SBT.
       A segunda dublagem tem sido inutilizada atualmente, provavelmente porque as músicas não são dubladas como a primeira dublagem tem as músicas dubladas. Esta segunda dublagem era utilizada apenas no SBT, mas até mesmo o canal passou o longa com a dublagem de 1951.
O VHS, o DVD e o BD utilizam a dublagem de 1951, e não a segunda dublagem.

Dublagem Brasileira de 1951

  Alice - Therezinha, a atriz inexperiente, em algumas cenas ela desafinava na voz da menina, principalmente quando canta a música All the Golden Afternoon. Therezinha depois dublou a heroína Wendy, de Peter Pan.

Coelho Branco - Desconhecido

Chapeleiro Louco - Otávio França

Rainha de Copas - Sara Nobre

Gato de Cheshire/ Mestre Gato - José Vasconcellos

Lebre de Março/ Lebre Maluca - Orlando Drummond

Chico Bam - O ator e comediante Apolo Correia dublou Tweedle Dee na dublagem original.

Chico Bum - Túlio Berti

Lagarta Azul - Wellington Botelho

Dodô e Bill - Almirante deu a voz aos dois personagens na dublagem de 1951.

A Morsa - Hamilton Ferreira

O Carpinteiro - Desconhecido

Irmã de Alice - Sônia Barreto


Diferenças do filme para os livros

 - A porta não é um personagem no livro. Alice não cai dentro de nenhuma garrafa e passa por baixo da porta a nado.

- O objetivo de Alice durante o livro todo era ir ao Jardim das Maravilhas (jardim da Rainha de Copas) e não saber para onde o Coelho Branco vai.

- A Lagarta pede para Alice recitar Estás Velho Pai William? e não o poema errado da Abelhinha Diligente (ou Trabalhadora) (ela recita o poema errado durante o segundo capítulo, trocando-o pelo Crocodilo, pois o poema é na verdade uma paródia do poema dito acima). Curiosamente, o poema pedido pela Lagarta é cantado por Chico Bam e Chico Bum (ou Tweedledee e Tweedledum). 

- Não se sabe que livro a irmã de Alice estava lendo no livro original, mas no livro ela não conta história da Inglaterra que é contado pelo Rato (que foi deletado do filme).

- O número das cartas jardineiras no livro eram Dois, Cinco e Sete, porém curiosamente no filme da Disney os números foram alterados para Ás, Dois e Três.

- Cada naipe representa um ofício real. O naipe de Copas representa os Infantes e as Infantas reais; o naipe de Espadas representa os jardineiros; o naipe de Paus representa os soldados reais e o naipe de Ouros (Diamantes) representa os cortesões reais.
Curiosamente, a Disney retirou a representação dos naipes e todos, sem exceção, viraram soldados. 

  - Alice salva as cartas jardineiras das cartas soldados da Rainha de Copas, mas curiosamente, isso não acontece no filme.

- Durante o jogo de croquet, não era só Alice e a Rainha de Copas que jogavam croquet, como também o Rei e muitos convidados como outros reis e rainhas e senhores e senhoras.

     - O Grifo diz a Alice que a tirania da Rainha de Copas é tudo fantasia dela e não executa ninguém realmente. Como o Grifo foi deletado do filme, a Rainha de Copas foi retratada muito mais tirana do que Lewis Carroll queria mostrar.

 - Ao contrário de que muitos dizem, o Valete de Copas aparece no longa, mas curiosamente o Valete não possui papel importante nenhum, pois Alice o substitui no filme. E como o julgamento é sobre o destino da cabeça de Alice, o assunto original que era sobre o roubo das tortas foi deletado do filme.
      
      - Em Através do Espelho, quem lidera as outras flores não é a Rosa e sim o Lírio-Tigre, que por alguma razão as flores trocaram de papel. A Rosa assume o papel do Lírio-Tigre, uma Orquídea substitui o papel da Rosa (que não é esnobe como a Orquídea no filme) e um buquê de Amores-Perfeitos é quem assumem o papel das Margaridas.
      O Lírio-Tigre aparece no filme, mas não da maneira que aparece no livro original, como mostra na foto acima.


Curiosidades

     - As falas da Lebre de Março e da Rainha de Copas no julgamento são as mesmas falas de Alice e do Rei de Copas no livro. Alice também fala "desimportante", que era a fala original do Coelho Branco.

- Tanto Alice quanto Wendy (de Peter Pan) foram dubladas por Therezinha, assim como Kathryn Beaumont dublou as duas.

         - A parte mais difícil de Walt Disney adaptar Alice no País das Maravilhas era a grande quantidade de personagens que os dois livros possuem. Walt tentou de tudo para colocar uma história simples e com poucos personagens. E por isso acabou unificando personagens, como por exemplo, a Rainha de Copas que foi baseada na personagem homônima, na Rainha Vermelha e na Duquesa; e o Arganaz que foi também baseado no personagem original e (estereotipadamente) no Rato.

- Apesar do Grifo e da Tartaruga Falsa não estarem presentes no filme, por terem sido deletados, eles aparecem normalmente numa propaganda de gelatina chamada Jell-O (que até hoje existe) estrelada por Alice e por eles, lançada no ano de 1957. A propaganda pode ser vista aqui.


- Mais de 40 músicas foram planejadas para Alice no País das Maravilhas. Entre elas a música Beyond the Laughing Sky que foi substituída pela canção In a World of my Own e sua melodia foi transformada in The Second Star to the Right, canção usada nos créditos iniciais de Peter Pan.

- Originalmente a atriz-mirim Luana Patten faria o papel de Alice, quando o filme era live-action e animação, mas quando o estúdio decidiu que o longa seria completamente animado, foi descartada a ideia, e Walt convidou Kathryn Beaumont para dar identidade ao público inglês.

   - A música The Golden Afternoon foi baseada evidentemente no poema de mesmo nome no início do livro Alice no País das Maravilhas (Juntos naquela Tarde Dourada).

- O Jaguadarte iria aparecer no filme. O design dele até foi elaborado, mas por motivos de que o filme seria sombrio demais, o personagem foi retirado. A cena em que ele iria aparecer seria obviamente a cena da Tulgey Wood (Tulgey é uma referência aos tolvos, criaturas do poema de Jaguadarte), e além disso, a floresta se chamaria Jabberwocky Wood (Floresta do Jaguadarte). A música que se referiria ao personagem se chamaria Beware the Jabberwocky, que foi baseado no poema de Através do Espelho.
Seria dublado supostamente por Stan Freberg.
Jaguadarte como seria na versão de Alice no País das Maravilhas
Jaguadarte perseguindo Alice em uma cena não utilizada para o filme.

Apesar do Jaguadarte ter sido deletado do filme original, ele pode ser visto em um livro infantil da Disney, lançado depois do filme. Porém com design diferente do filme original e aparece sendo indicado pelo Gato de Cheshire.
Apesar disso, a canção Twas Brillig cantada pelo Gato Risonho é uma óbvia referência ao Jaguadarte.

- O visual da maioria dos personagens, com exceção do Rei e da Rainha de Copas e do Gato Risonho, foi baseado nas gravuras de John Tenniel, e os cenários foram feitos por um pintor surrealista que dá um visual psicodélico no filme. E a responsável pela maioria dos cenários do filme foi Mary Blair.

- Vários personagens de Alice no País das Maravilhas fazem aparições em outros longas, jogos, séries como por exemplo, o Lagarto Bill faz uma curiosa aparição em O Ratinho Detetive (1986) como um dos capangas de Ratigan (Ratagão, no Brasil) e também faz um cameo em Uma Cilada Para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, 1988), além das criaturas de Tulgey Wood (apenas os patos-buzina) e a Maçaneta Falante; o Chapeleiro e a Lebre de Março aparecem na série Bonkers (1993–94); a Rainha de Copas e seu exército de cartas fazem uma pequena aparição como bonecos inutilizados em Epic Mickey (foto abaixo).

  -  Alice faz um papel importante como uma das Princesses of Hearts (Princesas de Coração), junto com princesas como Branca de Neve, Bela e Jasmine e a coadjuvante Kairi em Kingdom Hearts

- No entanto, Alice já fez participações especiais nas Princesas Disney, como também estivera em produtos desta franquia como bonecas e programas musicais, mas apesar das diversas participações, Alice nunca entrou na franquia.

- A música Twas Brillig, cantada pelo Gato de Cheshire, é uma óbvia referência ao poema do Jaguadarte, pois a música é praticamente a primeira estrofe do poema.

- Embora que na dublagem brasileira, seja chamada de Foca, a "foca" na verdade é uma morsa. Tanto que nas traduções do livro, é traduzido para A Morsa e o Carpinteiro.

- É o décimo filme da Disney dirigido por Hamilton Luske. Os filmes que Hamilton dirigiu antes de Alice no País das Maravilhas foram Pinóquio (1940), Fantasia (1940), O Dragão Relutante (1941), Alô Amigos (1942), Música, Maestro (1946), Tempo de Melodia (1948), Tão Perto do Coração (1948) e Cinderela (1950). E os filmes que Hamilton dirigiu depois de Alice no País das Maravilhas foram Peter Pan (1952), A Dama e o Vagabundo (1955), Donald no País da Matemágica (1959) e 101 Dálmatas.
Hamilton dirigiria mais tarde muitos episódios da série da Disneylândia que começou em 1954.

- É o sexto filme dirigido por Clyde Geronimi. Os filmes que Clyde dirigiu antes de Alice no País das Maravilhas foram Você já foi à Bahia (1944), Música, Maestro, Tempo de Melodia, As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo (1949) e Cinderela. Os filmes que Clyde dirigiu após Alice no País das Maravilhas foram Peter Pan, A Dama e o Vagabundo, A Bela Adormecida (1958) e 101 Dálmatas.

- É o nono filme dirigido por Wilfred Jackson. Os filmes que dirigiu antes de Alice no País das Maravilhas foram Branca de Neve e os Sete Anões, Pinóquio, Fantasia, Dumbo (1941), Alô, AmigosA Canção do Sul (1946), Tempo de Melodia e Cinderela. Os filmes que dirigiu depois foram Peter Pan e A Dama e o Vagabundo.

Conclusão

Alice no País das Maravilhas é o clássico mais querido de Walt Disney, pois desde o início de sua carreira e da Walt Disney Company queria adaptar os livros de Lewis Carroll.
Portanto, Alice no País das Maravilhas é o clássico mais respeitado da Disney, ao lado de Pinóquio.
Porém, embora seja assim, é o clássico menos lembrado pelo público e esquecem que Alice no País das Maravilhas é o clássico favorito de Walt Disney, mesmo que o filme seja um fracasso crítico, é o clássico que Walt Disney sempre sonhou e fez de tudo para que seu querido clássico fosse um sucesso.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Música, Maestro, o clássico esquecido da Disney

O post de hoje outro clássico pouco lembrado da Disney. Música, Maestro! (Make Mine Music, no original) é o oitavo filme da Walt Disney Feature Animation Studios, lançado em agosto de 1946.
Música, Maestro! assim como Tempo de Melodia (1948) e Fantasia (1940), é um filme-pacote (filmes segmentados, também chamados de filmes de compilação) e também possui uma certa semelhança com Fantasia, porém a grande diferença é dos segmentos que em vez de serem eruditos como Fantasia, possuem músicas modernas da época (década de 1940).
Música, Maestro! é um dos clássicos mais obscuros da Disney, ao lado de A Canção do Sul, lançado no mesmo ano (1946).

Sinopse
Música, Maestro! assim como Fantasia e os demais filmes da Disney da década de 1940, é um filme segmentado. 
Ao contrário dos outros longas dos anos 40, que possuem segmentos de até no máximo oito, Música, Maestro! possui ao todo dez segmentos, sendo que alguns de seus segmentos foram deletados com o tempo e que alguns segmentos tiveram cenas reaproveitadas de Fantasia.
São eles:

Pereiras e Padilhas*
       Era o primeiro segmento do filme. Trata-se de um romance entre dois personagens de dois diferentes clãs que são rivais, sendo uma história à la "romeu e julieta".
Este segmento foi deletado, devido ao humor politicamente incorreto de guerra, afinal a história é uma paródia literal da guerra entre os clãs Hatfield e McCoys (1863–1891).

        *Obs.: O Wikipédia escreveu incorretamente o nome do segmento de King's Men que é o conjunto que narrou o segmento. O nome do segmento é Pereiras e Padilhas (The Coys and the Martins, no original).

Blue Bayou 
          Era o segundo e então primeiro segmento do filme. 
É uma história de amor entre duas garças com o reflexo da Lua cheia num riacho de um pântano.
Este segmento inicialmente estaria em Fantasia musicado pela música Clair de Lune, de Claude Debussy. 

All the Cats Join In
Era o terceiro, e atualmente o segundo segmento.
Com a participação de Benny Goodman, este segmento através de um lápis vai mostrando a adolescência americana da década de 1940 com um jazz típico da época. 

Sem Teu Amor
        Este segmento cantado por Andy Russell trata-se de um poema de um amor perdido e as cenas vão sendo imagens vistas de uma janela chuvosa. 

Castro é o Astro
       Baseado no famoso poema de mesmo nome e narrado por Jerry Colonna, conta a história de um jogador de beisebol arrogante e que julga ser o centro das atenções por ser o melhor dos jogadores, mas acaba se dando mal no final!

Duas Silhuetas
         Este segmento narrado por Dinah Shore, mostra as silhuetas em live-action dos bailarinos David Lichine e Tania Riabouchinska em uma dança fantasiosa acompanhados com as silhuetas animadas de querubins.  

Pedro e o Lobo
Este segmento é talvez um dos mais conhecidos segmentos do filme.
É a adaptação da história infantil de mesmo nome de Sergei Prokofiev e é narrado por Sterling Holloway. 
   Pedro sonha em querer caçar um lobo, e consegue realizar o seu sonho, as escondidas de seu avô super-protetor e com a ajuda dos animais e dos caçadores, ele consegue caçar o lobo.
Cada personagem deste segmento representa um instrumento musical.

After You've Gone
              Este segmento, mais uma vez traz a participação de Benny Goodman e sua orquestra que faz as cenas surreais representadas por personagens que são na maioria instrumentos musicais antropomórficos.

Johnny Fedora e Alice Bluebonnet
Este segmento com a vozes das Andrews Sisters mostra de maneira lúdica e fofa, um romance entre Johnny, uma fedora e Alice um chapéu feminino azul.
Quando Alice foi vendida, Johnny tenta fazer de tudo para encontrar a sua amada. Depois de uma série de peripécias, Johnny finalmente encontra Alice quando viram ornamentos de cavalos de charrete.

A Baleia que Queria Cantar ou Willie, a Baleia Cantora 
Este segmento também é um dos mais conhecidos do filme. Sob a narração de Nelson Eddy, a trama é sobre Willie, uma baleia cachalote que possui um incrível talento musical e almeja ser um cantor de ópera.
Porém Tetti-Tatti, um empresário italiano arrogante, quer matar Willie atravessando-o com um arpão, na crença de que a baleia engoliu cantores para ter esse talento musical.

Recepção

              Quando Música, Maestro foi lançado, Walt Disney sentiu que o filme foi uma decepção para ele, pois o filme foi mal-recebido pelos críticos cinematográficos.
Com esse ódio dos críticos pelo filme, os segmentos foram lançados independentemente nos anos seguintes, como por exemplo o último segmento, Willie, a Baleia Cantora veio em versão VHS como se o filme não fosse parte de um filme.
O segmento Casey at the Bat também foi lançado independentemente, e o segmento recebeu uma continuação chamada Casey Bats Again, lançada em 1954.

     Apesar do "fracasso", Música, Maestro! teve um público bom e foi muito prestigiado na época e até venceu no Festival de Cannes na categoria de melhor design de animação no mesmo ano de lançamento na França.

Curiosidades
   - Música, Maestro é um dos poucos filmes da Disney que não teve Blu-Ray e não se sabe se a Disney tem planos de Blu-ray para o longa. O mesmo acontece com os outros longas dos anos 40 como Tempo de Melodia (1948) e Como é Bom se Divertir (1947). 


    - O curta Destino, lançado em 2003, foi planejado para estar em Música, Maestro. A ideia foi cancelada e não foi colocado no filme. Embora que Destino inicialmente estaria num filme cancelado chamado popularmente de Cuban Carnival, que seria o último filme da Disney voltado na América Latina.
O curta não foi feito até ser produzido no final dos anos 90 pelo sobrinho de Walt Disney, Roy E. Disney.

       - O segmento Castro é o Astro teve uma continuação chamada Casey Contra-Ataca.
 Foi lançado em 1954 e não é narrado por Jerry Colonna.

            - Há uma versão do segmento Johnny Fedora and Alice Bluebonnet, que não é cantada pelas Andrews Sisters.
Essa versão pode ser vista no You Tube, clicando aqui.

         - Nas décadas de 1980 e 1990, os segmentos Willie, a Baleia Cantora e Pedro e o Lobo foram lançados em VHS.




     - Jerry Colonna que narrou Casey at the Bat e Sterling Holloway que narrara Pedro e o Lobo, mais tarde estariam dublando a Lebre de Março e o Gato Risonho respectivamente em Alice no País das Maravilhas (1951). 

- É o segundo filme dirigido por Clyde Geronimi. O primeiro foi Você Já Foi à Bahia (1944). Os filmes que Geronimi dirigiu depois de Música, Maestro foram Tempo de Melodia, As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo (1949), Cinderela (1950), Alice no País das Maravilhas, Peter Pan (1952), A Dama e o Vagabundo (1955), A Bela Adormecida (1958) e 101 Dálmatas (1961).

- É o quinto filme dirigido por Hamilton Luske. Os filmes que Luske dirigiu antes foram Pinóquio (1940), Fantasia, O Dragão Relutante (1941) e Alô, Amigos. Os filmes que Luske dirigiu depois de Música, Maestro foram Como é Bom se Divertir, Tempo de Melodia, Tão Perto do Coração (1948), Cinderela, Alice no País das Maravilhas, Peter Pan, A Dama e o Vagabundo, Donald no País da Matemágica (1959), 101 Dálmatas e Mary Poppins (1964).

- É o segundo filme dirigido por Jack Kinney, sendo o primeiro The Three Caballeros e o terceiro e último As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo.

Conclusão
Música, Maestro é um clássico completamente esquecido da Disney. Não se sabe se a Disney tem alguma ideia de Blu-ray para o longa.
O problema é que as pessoas de hoje em dia que viram os segmentos independentemente como Pedro e o Lobo ou Willie, a Baleia Cantora em VHS ou em DVDs nunca irão descobrir e perceber que esses segmentos são de um clássico, de um longa, de um filme chamado Música, Maestro!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Onde Vivem os Monstros (Disney, 1983)

 A Disney, desde os anos 80, queria fazer um filme com mistura animação tradicional com digital (ou imagem gerada por computador (CGI)).
Mas infelizmente não consegue fazer, e que houve filmes que foram cancelados por causa disso.
Foi o que aconteceu com o filme Onde Vivem os Monstros, de 1983.
 Um filme de curta-metragem que seria produzido por John Lasseter, e animado por Glen Keane, bem nos primeiros anos da década de 80. O curta-metragem, é lógico, seria baseado no livro de mesmo nome, de Maurice Sendak, que era um livro premiado na época. Livro, que revolucionou a literatura infantil e que fez muito sucesso, principalmente nos Estados Unidos, embora que o livro seja muito pouco conhecido no Brasil.
   O filme seria exatamente como escrito acima, um curta animado que misturaria animação 2D com a 3D, o que faria desse filme bem ambicioso na época.  

   Foi considerado pelo próprio John Lasseter, que começou a sua carreira inicialmente no longa-metragem nunca-realizado Musicana, que continuaria o longa-metragem Fantasia, de 1940  apenas numa possível adaptação do conto de fadas O Rouxinol e o Imperador da China, estrelado por Mickey Mouse, representando a China. Lasseter ajudou na animação do longa O Cão e a Raposa (1981) e no curta O Conto de Natal do Mickey (1983).
Onde Vivem os Monstros seria um filme que marcaria o primeiro filme de animação a utilizar técnica digital da história da Disney e da animação, antes de O Caldeirão Mágico (1985) ficar com esse título. E também seria o primeiro filme a ser dirigido por Lasseter, antes dos filmes da Pixar, adiante nos anos 80. 
Onde Vivem os Monstros também marcou a demissão de Lasseter em 1983. 
Neste post podemos mostrar como foi a história da versão Disney de Onde Vivem os Monstros e porque este projeto foi abandonado, com pormenores.
         
História de Onde Vivem os Monstros da Disney
  Depois do lançamento de Tron, Uma Odisseia Eletrônica (1982), John Lasseter — responsável pela versão, se "empolgou" com o poder que a nova tecnologia podia gerar.
Após uma conversa com Glen Keane, um dos novatos animadores da Disney (que mais tarde seria conhecido pelas animações de Ariel, Aladdin, Tarzan e Rapunzel) que também admirou a técnica digital em Tron, eles pensaram em fazer um curta-metragem usando a técnica 3D utilizada no filme de 1982.
          Então por volta de 1982, John Lasseter decidiu fazer uma adaptação de Onde Vivem os Monstros, cujos direitos foram entregues a Disney no início da década de 80 e com o apoio de Ton Miller, o chefe do departamento do estúdio a produzir o curta-metragem.
A ideia saiu mesmo quando Tom Willhite se envolveu no projeto, que também estava cansado do estilo tradicional da Disney e decidiu se envolver no projeto.
         No início da produção, a equipe decidiu fazer uma cena em que os personagens fossem tradicionalmente animados em cima de cenários que seriam digitais.
Após uma relutante aceitação do estúdio que estavam intrigados com a ideia, liberaram um orçamento para que fizessem um teste de animação para ver se vai ser uma boa ideia.
John Lasseter foi sendo o responsável pelos cenários digitais e a direção dos movimentos de câmera e Glen Keane, pela animação tradicional.

Após terem feito o teste, apresentaram o teste final para o estúdio que dura apenas um minuto e um meio.
O teste impressionou quase todo o estúdio da Disney.
Porém, apesar de ter impressionado a Disney, o custo da produção do curta utilizando a técnica era muito alto, o que fez o curta cada vez mais complicado e proibitivo.
Como o custo seria muito alto, seria muito difícil para a Disney recuperar o valor que foi investido depois do lançamento, ainda mais que o estúdio estava em época de baixo recurso financeiro.
Isso é claro, levou o estúdio a cancelar Onde Vivem os Monstros.

John Lasseter então leva a ideia para o longa A Torradeira Valente, mas a Disney o demitiu, devido a sua insistência da técnica 3D. Após a sua demissão foi trabalhar para a Pixar, que foi recém-inaugurada por George Lucas em 1986.

Glen Keane voltou as produções de animações tradicionais, mas ele não se esqueceu do teste de animação de Onde Vivem os Monstros.

Tom Willhite passou a produzir A Torradeira Valente, e levou o projeto para o seu próprio estúdio em 1984, e foi lançado em 1987.

Os direitos de Onde Vivem os Monstros foram entregues a Universal em 2001, para produzir um longa-metragem totalmente em 3D, com Eric Goldberg (conhecido por animar o Gênio e co-dirigir Pocahontas) envolvido, mas assim como aconteceu na Disney, o longa foi cancelado, devido aos problemas criativos que o estúdio (da Universal) teve com Maurice Sendak, em pessoa.
Até o projeto finalmente vir parar nas mãos de Spike Jonze e levar o projeto a Warner Bros. que produziu um filme live-action com Max Records no papel do personagem xará Max, e foi finalmente lançado em 2009.
 E quanto a técnica digital foi utilizada em O Caldeirão Mágico, que este longa acabou sendo marcado como o primeiro filme de animação a utilizar imagens geradas por computador.
Mas não para em O Caldeirão Mágico, a ténica 3D. Podemos ver a presença da técnica em O Ratinho Detetive (1986), em uma cena em que Ratagão persegue Basil nas engrenagens do Big Ben. Em Oliver e Sua Turma (1988), podemos também ver o uso da animação 3D no clímax da perseguição de Sykes na sua limosine nos túneis do metrô, os efeitos especiais de A Pequena Sereia (1989), o voo de Marahute em Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus (1990) e finalmente, a cena da dança no salão de baile em A Bela e a Fera (1991).  
O Caldeirão Mágico é o primeiro filme animado da Disney a ter efeitos e objetos feitos por computador da História da Animação.
Curiosidade

        Apesar de Onde Vivem os Monstros ter sido descartado, o teste feito em 1982 pode ser visto em um especial de televisão da Disney nos anos 80, que exibiu o teste. O especial passou originalmente no Disney Channel que foi recém-inaugurado.
O trecho que foi exibido o teste de 1982 do especial pode ser visto facilmente no You Tube (vídeo abaixo).



Conclusão
Embora a Disney tivesse grandes projetos, alguns projetos nem sempre são realizados, como é o caso de Musicana, Onde Vivem os Monstros, Dom Quixote e os demais filmes cancelados e não-utilizados.
Até hoje a Disney tenta fazer um filme de animação como Onde Vivem os Monstros, mas nunca é realizado e/ou é literalmente abandonado como este filme.