terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mickey Columbus

O post de hoje é sobre Mickey Columbus (Mickey Colombo, em tradução livre; originalmente seria chamado Christopher Mickey), um projeto cancelado na década de 1990, que seria um curta-metragem do Mickey, como o nome do título sugere que é estrelado pelo camundongo mais famoso do mundo.
Este curta que teria uma duração de meia hora, seria um especial para o Descobrimento da América por Cristóvão Colombo em 12 de outubro de 1492 (os vikings já haviam descoberto o continente antes, além de colonizarem o norte do Canadá e a Groenlândia, clique aqui, para mais informações).
O curta estava marcado para ser lançado em 1992, mas foi cancelado por alguns motivos que serão revelados no decorrer deste post.
      Este filme surgiu como resposta para o curta O Conto de Natal do Mickey (1983), o primeiro curta-metragem estrelado pelo camundongo após a morte de Walt Disney em dezembro de 1966.

História de Mickey Columbus
Fonte: D23
Tudo começou em 1983, quando O Conto de Natal do Mickey foi lançado nos cinemas juntamente com o relançamento de Bernardo e Bianca (1977) nos cinemas e foi bem recebido e havia sido um sucesso.
Este sucesso começou a fazer a audiência querer mais curtas estrelados pelo camundongo mais famoso da Disney.
E então o estúdio começou a produzir novas ideias para produzir curta-metragens do Mickey.
Entre as ideias surgiu o curta Christopher Mickey, que seria um filme onde o murganho faria o papel de Cristóvão Colombo.
Apesar do projeto ter chegado a entrar em produção e ter produzido três canções, o curta foi se atrasando e foi arquivado, até que em 1986, Burny Mattinson, o diretor de O Conto de Natal do Mickey, sugeriu que dessem sugestões de curta-metragens como comemoração do aniversário de 60 anos do Mickey para 1988, assim como havia feito em 1968 e em 1978.
Entre as sugestões estava o curta Christopher Mickey, agora Mickey Columbus, e que só voltaria a ser produzido em 1990, após o sucesso de O Príncipe e o Mendigo, que foi lançado juntamente com Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus (1990) nos cinemas.
A essa altura, o curta já tinha previsão para ser lançado em 1992, que era o ano em que o Descobrimento da América estaria completando 500 anos de descoberta e seria lançado como uma forma de comemoração do evento.
No entanto, os produtores ficaram apreensivos com o projeto, temerosos com o resultado que o filme daria.
Pois se Mickey, Donald e Pateta serão os descobridores do continente americano, eles certamente teriam que se encontrar com os povos nativos do continente, ou seja, com os índios, que seria algo racista e estereotipado, e assim levaria críticas negativas em relação aos ameríndios (o longa Peter Pan, de 1952, por exemplo, apesar de ter sido bem recebido pela bilheteria, foi mal recebido pela crítica, por apresentar estereótipos racistas aos índios).
E além disso, o estúdio acabou perdendo o interesse em produzir o curta, pois os produtores estavam preocupados com os futuros longa-metragens como A Bela e a Fera (1991) e Aladdin (1992).
Com esses motivos citados, fizeram levar Mickey Columbus ser cancelado e engavetado, e nunca mais saiu do papel até os dias de hoje.

Como seria Mickey Columbus

O filme giraria em torno de Cristóvão Colombo (Mickey) que tenta convencer o rei Fernando II (Bafo) de que a Terra é redonda. O monarca não acreditou e refutou a teoria dada por Colombo, mas sua esposa, a rainha Isabel I (Clarabela) acredita que há uma chance de que o navegador esteja certo e concede três barcos para que ele possa embarcar em uma viagem para descobrir se a Terra é fato redonda como diz.
Mas no decorrer da viagem, Colombo começa a ter dúvidas sobre si mesmo e começa a ter pesadelos de que como o rei Fernando II não mostraria misericórdia a ele, se descobrisse que a Terra não era redonda, e sim plana.
Porém, ele e seus companheiros navegadores (Donald e Pateta) descobrem que a Terra é redonda e descobrem também a América.

Conceitos artísticos

Assim como eu faço com os projetos cancelados, costumo mostrar os conceitos artísticos. 
Aqui estão os conceitos que seriam usados no curta-metragem idealizado nos anos 90:











Sequência do pesadelo de Mickey.
Fonte de imagens: Disney Wiki
Conclusão

Outro curta-metragem que havia sido produzido em 1983, juntamente com Mickey Columbus, era uma adaptação dos Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Assim como Mickey Columbus, foi cancelado, mas ele depois foi salvo pelos produtores e se tornou Mickey, Donald e Pateta em Os Três Mosqueteiros e foi lançado em 2004.
Quem sabe algum dia, haverá esperança de que Mickey Columbus possa a voltar a ser produzido e ser realizado como Mickey, Donald e Pateta em Os Três Mosqueteiros.
Tudo que nós podemos fazer é aguardar e esperar que algum dia, eles deem uma chance ao filme.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo

Os mais obscuros e esquecidos clássicos da Disney, são os filmes da Disney da década de 1940, de fato. Entre eles está o clássico As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo (antes era Dois Sujeitos Fabulosos (Two Fabulous Characters)), que certamente devam ter conhecido alguns de seus segmentos na coletânea de curtas Fábulas Disney, lançado nos anos 2000.
Lançado originalmente em outubro de 1949, As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo é o décimo primeiro longa-metragem do catálogo de filmes da Disney, conhecida popularmente de Clássicos Disney, que vive desde 1928 até os dias de hoje, e de geração a geração.
Assim como os demais clássicos da Disney da década de 1940, a partir de Fantasia (1940) e em especial Como é Bom se Divertir (Fun and Fancy Free, 1947), As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo é um filme com compilação de dois curta-metragens, sendo assim, um filme segmentado.

Produção de As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo

Como se sabe, os filmes da Disney dos anos 40, na sua maioria, são filmes segmentados. 
A Disney mostrou dificuldade de produzir filmes de narração única como Pinóquio (1940), Dumbo (1941) e Bambi (1942), e que só possuía recursos para produzir curta-metragens.
A Disney só voltou a produzir longa-metragens a partir de 1946, quando foi lançado o filme A Canção do Sul.

Os direitos de O Vento no Salgueiro foram adquiridos pela Disney em 1941, após o lançamento de O Dragão Relutante, que foi adaptado somente como um curta-metragem e em meio de um longo documentário que mostrava os bastidores de Dumbo e Bambi, além de futuros projetos do estúdio como Peter Pan (1952) e A Dama e o Vagabundo (1955) (cuja produção só começou em 1943).

      Originalmente O Vento no Salgueiro se chamaria The Magnificent Mr. Toad (O Magnífico Sr. Sapo, em tradução livre), e seria um curta-metragem de 48 minutos, mas o projeto foi se atrasando. Isso porque o curta após 45 minutos, perdia todo o ritmo tido e também devido aos eventos como a Segunda Guerra Mundial (1939–45), a greve dos animadores em 1941, que também foi o ano de entrada dos Estados Unidos na Guerra, o que levou os principais motivos de atraso do curta. 
Durante esses atrasos, foi então decidido que o curta, em vez de durar 48 minutos, reduziram o filme para meia hora de duração.
Outro motivo de atraso foi um sumiço que teve das pinturas do fundo do curta-metragem, que vieram parar em uma casa de um jardineiro que disse aos membros do estúdio que foram até lá buscar os backgrounds perdidos que alguém jogou contra a cerca de sua casa e que trouxe para dentro da residência para preservar a arte.
O que ajudou bastante na produção do projeto foi a criação do segmento da Lenda do Cavaleiro Sem-Cabeça que não é uma história muito longa quanto a do Vento no Salgueiro.

  No final do ano de 1947, Walt Disney anunciou dois filmes a serem lançados. Entre os dois filmes estava As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo que estava marcado para ser lançado em 1949. O outro filme foi Tempo de Melodia que foi lançado adiantadamente em maio de 1948.
Com essa ideia em mente, As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo foi finalmente lançado em outubro de 1949, que recebeu um sucesso até maior do que os clássicos anteriores como Como é Bom se Divertir (1947) e Tempo de Melodia (1948).
Isso porque as histórias eram mais ambiciosas e mais carismáticas do que as do longa Como é Bom se Divertir.
Apesar de ter tido um sucesso, o longa foi criticado principalmente por ter sido diferente das histórias originais, mas apesar de ter recebido críticas negativas, o segmento do Vento no Salgueiro demonstrou uma das mais bem sucedidas tentativas da casa do Mickey em adaptar uma história da literatura inglesa, bem como o segmento do Cavaleiro Sem-Cabeça, que foi uma das mais bem produzidas pelo estúdio.
As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo é um dos últimos filmes segmentados da Disney, que a partir do lançamento de Cinderela em 1950, os longas voltaram a ter histórias únicas.
A Disney nunca mais produziu filmes segmentados até Puff, o Ursinho Guloso (1977) e Fantasia 2000 (1999), que por sua vez é o último filme segmentado da Disney.

Sinopse

O filme possui dois segmentos distintos, mas com poucas ligações entre si. São eles:

O Vento no Salgueiro
O Vento no Salgueiro (The Wind in the Willows, no original) é o primeiro segmento do filme, baseado no livro de mesmo nome publicado originalmente em 1908, de Kenneth Grahame, autor do livro O Dragão Relutante, também adaptado pela Disney em 1941. 
O segmento se passa na Inglaterra e conta a história de um sapo rico chamado J. Taddeus Sapo.
Ele é maníaco e irresponsável, e que seus amigos Rato e Verruga (Mole, no original, que significa literalmente Toupeira) estão preocupados e tentam fazer ele parar com esse comportamento que está trazendo uma má reputação.
Porém as coisas complicam quando o sapo acaba ficando maníaco por carros a motor, a ponto de ir para a prisão, por "roubar" um carro que na verdade, ele vendeu a mansão em troca do automóvel. 
Mas o Sapo consegue fugir da prisão, com a ajuda de seu cavalo Cirilo Anca-Feliz. Após a fuga da prisão, ele precisa provar a sua inocência numa arriscada aventura.

Sossego Profundo ou A Lenda do Cavaleiro Sem-Cabeça
A Lenda do Cavaleiro Sem-Cabeça (Sleepy Hollow, no original) é o segundo e último segmento do filme.
O segmento é uma adaptação do conto folclórico de mesmo nome, de Washington Irving.
A história se passa em um vilarejo em Nova Iorque no século XVIII chamado Sossego Profundo (Sleepy Hollow) onde vive Ichabod Crane, um professor supersticioso que se apaixona por Katrina Van Tassel, uma bela jovem neerlando-americana, filho de Baltus Van Tassel, um rico fazendeiro daquele vilarejo.  
Sua paixão faz ganhar um rival chamado Bronco Ossos (Brom Bones, no original), um valentão do vilarejo que também é apaixonado por Katrina e fará de tudo para impedir que o professor e ela fiquem juntos.
Então, como proveito, usa o medo de Ichabod para afastá-lo de Katrina.

Curiosidades 

- O filme originalmente se chamaria Two Fabulous Characters. Porém foi decidido que o filme se chamaria The Adventures of Ichabod and Mr. Toad.
No Brasil, o longa foi chamado de Dois Sujeitos Fabulosos, e mudou o título para As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo, do mesmo modo que aconteceu com o título em inglês.

- Ao contrário dos outros longa-metragens da década de 1940 como Você já foi à Bahia (1944), As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo nunca foi relançado, mas seus segmentos tiveram lançamentos separados após o lançamento do filme nos anos 50 e 60.
Quando o longa foi lançado em DVD no Brasil em 2005, foi considerado o último clássico da Disney a ser lançado para o consumidor no país, tanto em VHS como em DVD.
 O Blu-Ray de As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo foi lançado recentemente em setembro de 2014, meses após o lançamento de BD de A Bela Adormecida (1958).

- Os personagens deste longa, principalmente do segmento O Vento no Salgueiro apareceriam mais tarde em outros filmes da Disney, principalmente em curtas do Mickey e do Pato Donald.

- Os fãs do segmento A Lenda do Cavaleiro Sem-Cabeça questionam muito sobre quem seria o verdadeiro vilão do segmento.
Se é Ichabod, Brom Bones, Katrina ou o próprio Cavaleiro.
Até então é o único dentre os filmes da Disney que tem algum final duvidoso, e fica com estas questões. 


- Katrina possui um visual semelhante ao de Cinderela, bem como a Equilibrista na atração da Mansão Mal-Assombrada, de 1969.
Isso porque os movimentos e a aparência de Katrina é que levou Marc Davis usar como influência a aparência da Jovem Equilibrista.
Equilibrista na arte original de 1969, por Marc Davis.
- Outra curiosidade em relação a Katrina, é que um certo calendário das Princesas Disney, na década de 2000, mostra Katrina, junta com as outras princesas e heroínas da Disney como Alice, Sininho e Esmeralda (na época, a última era uma das Princesas, e fora removida da franquia em 2006) com os títulos dos filmes.


Rumores contam que Katrina estaria entre as princesas Disney, mas que foi retirado pelo fato da personagem não ser protagonista.

- As doninhas do segmento O Vento no Salgueiro serviram de inspiração as doninhas da Patrulha Desenho em Uma Cilada para Roger Rabbit (1988).

- Ollie Johnston baseou em seus professores para criar o personagem do promotor.

- O segmento da Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça levou Tim Burton a se inspirar na sua versão live-action que foi lançada em 1999.

- É o quinto filme dirigido por Clyde Geronimi, sendo os primeiros Educação para Morte (1942), Você já foi à Bahia (1944), Música, Maestro (1946) e Tempo de Melodia. Os longa que Geronimi dirigiu após As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo foram Cinderela (1950), Alice no País das Maravilhas (1951), Peter Pan, A Dama e o Vagabundo, A Bela Adormecida e 101 Dálmatas (1961). 

Conclusão

Embora seja um filme obscuro, As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo é um dos poucos que apesar de ser obscuro, teve um público grande.
Ele é um longa que vale a pena assistir, assim como qualquer outro longa da Disney!