quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A Gata dos Meus Sonhos

Galera, o post de hoje é sobre A Gata dos Meus Sonhos, uma "relíquia" do mundo da animação.
Lançado originalmente em outubro de 1962, A Gata dos Meus Sonhos (Gay Purr-ee, no original) é um longa-metragem produzido pela United Productions of America (UPA), a qual é conhecida pelo personagem Mr. Magoo e distribuída pela Warner Bros, e que contou com a ajuda de Chuck Jones no script do longa.
A Gata dos Meus Sonhos marcou a demissão de Chuck Jones pelo estúdio da Warner, pois esteve envolvido na produção, detalhado no decorrer deste post.
  A ideia de um longa-metragem romântico sobre gatos na França, aparece coincidentemente mais tarde no filme da Disney Aristogatas (1970), o primeiro longa-metragem realizado após a morte de Walt Disney em 1966, que começou originalmente como uma série live-action de dois episódios na série Walt Disney's Wonderful World of Color, que foi convertido para um filme animado no decorrer dos anos 60 e que só se concretizou no final daquela década.

Produção de A Gata dos Meus Sonhos
Modelo de design de Mewsette, protagonista do filme
A Gata dos Meus Sonhos é o segundo e último longa-metragem produzido pela UPA, depois de Mr. Magoo e as 1001 Noites (1959), e que após o lançamento do longa, o estúdio fecharia.
O roteiro do filme foi feito por Dorothy Webster Jones, esposa do veterano Chuck Jones, que também esteve na produção do longa, e que acabou violando o seu contrato exclusivo com a Warner, que descobriu isso quando foi distribuir o filme, e teve uma longa discussão com ele sobre os detalhes do seu contrato de exclusividade, levando assim a sua demissão em julho de 1962, juntamente com sua equipe, antes da película estar pronta para ser lançada.
A Gata dos Meus Sonhos foi lançado em outubro de 1962, que embora tenha sido bem recebido pela crítica, ele não foi muito prestigiado no seu lançamento original.
Após o lançamento de A Gata dos Meus Sonhos, Jones juntamente com sua antiga equipe, criou seu primeiro estúdio independente na MGM, que lá passou a produzir curtas novos de Tom e Jerry entre 1963 e 1967.

Sinopse
   
A trama se passa na França em 1895, e conta a história de Mewsette, uma bela e delicada gata angorá branca que vivia numa certa fazenda em Provença com o charmoso e tímido gato listrado laranja Jaune Tom, que se apaixonam, mas ela se frustra com as maneiras de Jaube, levando a decidir fugir para Paris, entrando numa mala de uma moça rica que mora na cidade que foi colocado num trem.
Mal chegando em Paris, Mewsette conhece Meowrice, um gato frajola francês, que a leva para casa de sua "irmã" Madame Rubens-Chatte, uma gata persa cor-de-rosa esnobe que diz a ela que promete transformá-la em uma grande artista.
Mas o que Mewsette não sabe é que Meowrice está usando sua ingenuidade e explorando-a para ser vendida para um gato americano rico que mora em Pitsburgo.
O único que pode salvar Mewsette de Meowrice é Jaune Tom, que com a ajuda de seu amigo atrapalhado e baixinho Robespierre, parte para Paris em busca de sua amada. 

Elenco

Elenco original

Judy Garland, a eterna Dorothy do filme O Mágico de Oz (1939), emprestou sua voz a bela Mewsette. É o primeiro e único filme animado em que Judy participou.

Robert Goulet, ator e cantor de origem franco-canadense, deu a voz ao charmoso e cativante Jaube Tom. O longa marcou a primeira vez em que Goulet participou de um filme.

O comediante Red Buttons fez a voz do baixinho gato azul Robespierre.

Paul Frees foi quem providenciou a voz do vilão Meowrice.

Já a excêntrica Hermione Gingold, dublou a Madame Rubens-Chatte.

O longa foi narrado por Morey Amsterdam, que emprestou sua voz também a um marinheiro no navio em que Jaube Tom e Robespierre estiveram.

The Mellomen, que fizeram participações nos longas da Disney como Alice no País das Maravilhas (1951), Peter Pan (1952) e A Dama e o Vagabundo (1955), providenciaram as vozes dos gatos comparsas de Meowrice.

Julie Bennett fez uma participação na voz de uma camponesa.

Joan Gardner na voz de uma dama rica que mora em Paris e que "enfeitiçou" Mewsette em ir para lá.

Mel Blanc foi fazendo as vozes adicionais no filme.

Curiosidade

Segundo os bastidores do DVD do longa, foi mostrado que Judy Garland sugeriu que os compositores do filme do Mágico de Oz, Harold Arlen e E.Y. Harburg para comporem a trilha sonora do longa.

Conclusão

Bom, A Gata dos Meus Sonhos é um longa simples com belos cenários e ótimas canções. Apesar do filme ter defeitos na sinopse (como a forma de Meowrice querer separar Jaube Tom de Mewsette), o longa é bem simpático, divertido e bem colorido, que não pode deixar de ser assistido.
É um filme que vale muito a pena assistir!
Cenas do filme pra quem tem curiosidade em ver o longa:





sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Alô, Amigos (Disney, 1942)

Em homenagem às Olimpíadas do Rio de 2016 (sei que estou bem atrasado) e às Para-Olimpíadas que estão vindo quarta-feira que vem no nosso Dia de Independência, o post de hoje é sobre Alô, Amigos, um longa-metragem da Disney do início da década de 1940.
Lançado originalmente em agosto de 1942 nos cinemas brasileiros (dias após o lançamento original de Bambi), Alô Amigos (Saludos Amigos, no original) é o sexto longa da lista de filmes animados da Walt Disney Animation Studios, sendo assim um clássico Disney.
É o mais curto dos filmes da Disney, tendo apenas 42 minutos de duração, muito menor do que Dumbo (1941), lançado um ano antes que possui 64 minutos.
É o segundo filme que foi lançado originalmente fora dos Estados Unidos, sendo o primeiro Bambi que foi lançado em Londres alguns dias antes. E também é o primeiro filme da Disney a ter lançamento em um país da América do Sul antes do lançamento original nos Estados Unidos.
Assim como Fantasia (1940), Alô Amigos é um longa que possui cenas em live-action e é segmentado, além de possuir intervalos.
O longa foi lançado no ano em que o Brasil já havia entrado na Segunda Guerra, em plena época em que o nosso país se viu estar no segundo maior conflito militar global.
    A partir de seu lançamento, os longas-metragens da Disney foram sendo segmentados ao longo da década de 1940, devido a Segunda Guerra Mundial (1939–45) que fez o estúdio ter poucos recursos de produzir longa-metragens em histórias únicas como Pinóquio (1940) e Bambi. E além disso, nessa mesma década também, os longas segmentados foram dando lucros baixíssimos e que só acabou de vez com o lançamento de Cinderela em 1950.
É o primeiro longa cuja continuação também faz parte do catálogo de filmes animados da Disney Studios. Você Já Foi à Bahia (The Three Caballeros, no original) foi lançado originalmente em 1944 nos cinemas mexicanos e em 1945 nos Estados Unidos e no Brasil.
O longa não é tão popular quanto a sua continuação, apesar de ser exibido comumente na TV aberta como SBT, que era exibido principalmente no Sábado Animado.
   No Brasil, o longa é muito conhecido pelo último segmento Aquarela do Brasil que marca a primeira aparição de Zé Carioca, e como conhecemos muito bem a canção de Ary Barroso e o Tico-Tico no Fubá, que foi imortalizado por Carmen Miranda.
O longa foi criado originalmente para promover a Política de Boa Vizinhança (1933–45), para melhorar as relações entre os Estados Unidos e os países da América Latina (que no caso do filme, a América do Sul) para aliarem-se para a Segunda Grande Guerra.
É o primeiro longa-metragem cuja ambientação é na América do Sul.
 Até então, era o único longa-metragem a ser voltado no nosso continente até o lançamento de A Nova Onda do Imperador (2000), que foi lançado seis décadas depois, e Lorenzo que foi lançado quatro anos depois do lançamento do filme do imperador megalomaníaco. 


Produção de Alô, Amigos

Walt Disney no Rio de Janeiro com uma câmera fotográfica. Ele estava batendo uma foto.
A produção de Alô, Amigos começou em 1941, quando Walt Disney e alguns animadores do estúdio viajaram para a América Latina para promover a Política de Boa Vizinhança. E então foi decidido que o estúdio poderia produzir uma antologia de curtas-metragens que fossem ambientados no continente sulista da América.
Dentre os segmentos que estavam na lista de que estariam no filme eram Caxangá, The Blue Orchid, The Lady with the Red Pompom (que marcaria a primeira aparição do Aracuã), Chichicastenango e Lima Story. No decorrer da produção esses segmentos, muitos deles foram deletados como The Lady with the Red Pompom e The Blue Orchid, e outros substituídos por novos segmentos como Lima Story foi substituído pelo Lago Titicaca (apesar de ter elementos dele).
Arte para o longa.
Fonte: South of the Border with Walt Disney and the Good Neighbor Program 1941–48, 2009

Conceito de arte para Pedro, o Avião.
Fonte: 
South of the Border with Walt Disney and the Good Neighbor Program 1941–48, 2009

Após isso, o longa foi lançado em agosto de 1942 nos cinemas cariocas, e lançado oficialmente em 1943 nos Estados Unidos. Antes do lançamento em 1943 nos Estados Unidos, a Disney havia lançado um documentário chamado South of the Border with Walt Disney, onde mostrou todas as viagens de Walt e sua equipe de produção nos países da América Latina.
Alô, Amigos não seria lançado como um longa-metragem como finalmente lançado. Os segmentos do longa seriam lançados separadamente, o que só conseguiram fazer isso nos relançamentos separados em 1955.

Sinopse

No começo do filme, é introduzido o longa e a partir da introdução que são cenas em live-action mostrando uma espécie de bastidores com Walt Disney e alguns animadores e ilustradores, começa a rolar o filme que consiste em quatro segmentos que se passam em quatro países diferentes da América do Sul.


Lago Titicaca


O primeiro segmento se passa no Peru e conta a visita de Donald no país pelo famoso grande lago Titicaca. No decorrer do segmento, Donald conhece um menino quíchua que empresta sua flauta e seu lhama (bastante teimoso) e que o pato vai passando por uma ponte nas Cordilheiras dos Andes. 

Pedro, o Avião


O segundo segmento que ocorre no Chile, que conta a história de Pedro, um aviãozinho que tem a missão de entregar uma correspondência a um outro aeroporto. Durante isso, ele passa por uma grande e perigosa aventura.


Pateta, o Gaúcho


Este segmento se passa desta vez na Argentina e é estrelado por Pateta, que era um caubói e através de um desenhista, ele é levado para o país dos hermanos e se torna um gaúcho*. Lá conhece a cultura argentina e principalmente gaúcha. 



Aquarela do Brasil 


Para fechar o longa, o último e mais conhecido segmento toma lugar no nosso Brasil. Estrelado mais uma vez por Donald, fazendo uma viagem desta vez ao Rio de Janeiro.
No começo do segmento, vão mostrando pinturas de aquarela mostrando as paisagens brasileiras ao som da canção Aquarela do Brasil, de Ary Barroso; quando termina a canção e as cenas de aquarela é que é introduzido o pato nervosinho, que conhece um papagaio carioca chamado José Carioca que se apresenta ao marreco e ao perceber que está falando com o protagonista, se empolga e resolve levá-lo para conhecer todas os lugares cariocas como Tijuca, Pão de Açúcar, Corcovado, Cinelândia, Leblon e Avenida Atlântica.
No decorrer do segmento, ele é agora musicado pelo Tico-Tico no Fubá (instrumentalmente) e Donald bebe cachaça com Zé Carioca.

 *O segmento compara que os pampas argentinos e os gaúchos lembram o faroeste e os caubóis dos Estados Unidos, por isso o fato do Pateta ser caubói e se mudar para a Argentina.
Como mencionado no post de Você Já Foi à Bahia, o termo "gaúcho" referido aqui, é o grupo étnico de origem argentina, que pode ser encontrado no Brasil, na Argentina e no Uruguai.


Elenco

Clarence Nash na voz de Donald tanto na versão original quanto na versão brasileira, já que o longa retrata os países da América Latina, e então não foi alterado muito a dublagem.

Pinto Colvig na voz de Pateta.

José de Oliveira fez a voz de Zé Carioca, tanto na versão original quanto na versão brasileira. Embora que tenha dado a característica típica do papagaio carioca, José de Oliveira na verdade era paulista. Foi sendo um grande amigo de Walt Disney, a ponto até de ajudar Walt algumas vezes nas animações.

O longa foi narrado por Frank Graham e Frank Thomas. Na versão brasileira foi dublada apenas por Aloysio de Oliveira, sendo a única alteração na dublagem brasileira.


Curiosidades



- Outro segmento originalmente criado paro o filme era Brazilian Symphony (ou Caxangá), onde mostrava Donald jogando caxangá (com a icônica cantiga Escravos de Jó) com Zé Carioca e (curiosamente) Pateta, mas o marreco se enfurecia por não conseguir vencer a brincadeira.
Mas depois, ele começa a ter um pesadelo surreal com a brincadeira.

 Este curta foi deletado da versão final do filme, mas ele pode ser visto em South of the Border with Walt Disney.
Além disso, vestígios do segmento podem ser vistos no próprio longa, como por exemplo a cantiga pode ser ouvida nas cenas de Carnaval no Rio de Janeiro, além de Zé Carioca fazer batuques da música com uma caixa de fósforos.
Este curta já teve várias tentativas de ser lançado no decorrer dos anos 40, até o estúdio decidir cancelar definitivamente em 1946.


- Outro segmento que também foi planejado para aparecer no longa foi Chichicastenango, que se passa na cidade de mesmo nome da Guatemala. Seria uma visão surreal da cidade guatemalteca.

Ele também seria o único segmento que não se passa em um país sul-americano e sim da América Central.
Também foi removido, mas também pode ser visto no documentário South of Border with Walt Disney (1942).

- Quando Walt Disney desembarcou do aeroporto Santos Dumont em agosto de 1941 acompanhado de sua esposa Lillian e de alguns auxiliares, foi sendo recebido por jornalistas e diretores do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e no dia seguinte visitou a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) na companhia de Herbert Moses, o presidente daquela instituição, onde recebeu uma entrevista à imprensa.
Walt então explicou que veio ao Brasil para procurar por paisagens sul-americanas para usá-las em seus longas, e não para construir estúdios no Brasil ou na Argentina, desmentindo assim um boato tido até então naquela época.

-  Ary Barroso foi um dos artistas que tiveram maior influência nos longas.
  
- Quando chegaram ao Rio de Janeiro, Walt, Lillian e alguns de sua equipe se hospedaram em Copacabana Palace, enquanto o resto de sua equipe se hospedaram em Hotel Glória. Mal chegando lá, eles começaram a passear pela Cidade Maravilhosa, enchendo blocos de número incontável de desenhos com ilustrações e esboços do colorido exótico local.
A equipe conheceu diversos pontos turísticos do Rio como o Pão de Açúcar, além de visitarem o Jardim Botânico. Eles ficaram tão fascinados pela fauna (principalmente as aves) e flora de nosso país, que aos olhos deles pareciam exóticas e únicas.   


- Walt Disney sinceramente gostou muito do que viu no Brasil. Tanto que sua viagem foi prolongada de uma semana para uma quinzena (ou seja, duas semanas). Walt admirou muito a música Aquarela do Brasil e pela nossa fauna e flora, principalmente os papagaios. Ele anunciara a empresa sua intenção de tornar a ave em um companheiro de aventuras de Mickey e Donald, emprestando "voz, jeitinho e fala próprios". Voltando para os estúdios de Burbank, Walt já sabia até como seria o traje do papagaio que era um fraque acompanhado de um guarda chuva e chapéu de palha, que foi baseado em ninguém nada menos que Dr. Jacarandá.
A visita não saiu de sua cabeça de jeito nenhum, que chegou a ponto de falar várias vezes aos seus colaboradores que no Brasil já estava tudo pronto para ser absorvido por nós tanto na música, quanto paisagem, humorismo, alegria e cores.

- Após deixarem o nosso país, em setembro de 1941, Walt e sua equipe foram a Argentina via Pan-Air, fazendo uma entrada triunfal, mesmo com horas de atraso.
A sua recepção foi de uma multidão muito grande, que foi considerado a maior multidão da história do aeroporto.
A equipe ficou três semanas no país dos hermanos, e instalaram uma espécie de "estúdio" no Hotel Alvear Palace em Buenos Aires, onde seus artistas puderam fazer seus desenhos e pinturas. 

Conclusão


Alô, Amigos é um longa que não deve deixar de ser assistido por nós brasileiros e aqueles que são da América do Sul, seja do Peru, do Chile, da Argentina, e entre outros países, nós somos parceiros, amigos, próximos. É um longa que deve ser mostrado como é importante manter as relações com os nossos países, mesmo eles estando perto ou de longe, e que devemos aceitar as nossas diferenças culturais, nossas línguas diferentes seja português, inglês, espanhol, holandês, alemão, tupi, guarani, quíchua e entre outras línguas. 
Alô, Amigos, este é o fim do post de hoje!
Saludos Amigos, esta és la conclusíon del post de hoy!
Muy gracias!

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Aristogatas

O post de hoje é sobre Aristogatas, um clássico também bem lembrado na infância de todos.
Lançado na véspera de Natal de 1970, Aristogatas (The Aristocats, no original) é um filme da Walt Disney Animation Studios, sendo assim um clássico Disney e vigésimo filme do catálogo.
O clássico teve sua première em 11 de dezembro de 1970, mas foi lançado oficialmente na véspera de Natal de 1970. 
É o primeiro filme realizado após a morte de Walt Disney em dezembro de 1966, e o filme que começou a fazer a Disney se passar em uma era chamada Era Negra, que passou entre os anos 70 e os anos 80, terminando em 1989 com o sucesso de A Pequena Sereia.
É um dos poucos filmes da Disney na década de 1970 a fazer sucesso, algo que acontece com Bernardo e Bianca, lançado sete anos depois.
É o segundo longa-metragem que se passa na França, pois o primeiro foi Cinderela (1950). Mas Aristogatas foi o primeiro a se passar em Paris e foi o primeiro longa-metragem a representar a Cidade Luz na década de 1910 e até então não se sabe onde especificamente na França se passa a narrativa de Cinderela.
É o quarto longa dirigido por Wolfgang Reitherman que dirigiu a maioria dos filmes na Era Negra.
Aristogatas começou originalmente como um roteiro escrito por Tom McGowan e Tom Rowe para um episódio em live-action de duas partes para a série Walt Disney's Wonderful World of Color (eu tinha apresentado um episódio desta série, pra quem não conhece, no post de It's a Small World).
Cinco dos Nove Anciões trabalham no projeto de Aristogatas.
É também o último filme aprovado por Walt Disney, que faleceu em dezembro de 1966, ano em que iniciou a produção oficial do filme.

História e Produção de Aristogatas

Tudo começou em dezembro de 1961, dez meses após o sucesso de 101 Dálmatas (1961), quando Walt Disney sugeriu que Harry Tytle e Tom McGowan encontrassem algumas histórias baseadas em animais para adaptar para um episódio live-action de duas partes para a série Walt Disney's Wonderful World of Color.
No Ano Novo de 1962, McGowan encontrou várias histórias, incluindo um livro infantil sobre uma gata que tinha filhotes que se passa em Nova Iorque.
No entanto, Tytle sentiu que o longa precisava de um local essencialmente significativo, tal como aconteceu em 101 Dálmatas, que foi acrescentado no longa a narrativa se passar em Londres, e então sugeriu que a história de gatos poderia se passar em Paris.
Com essa ideia em mente, foi sendo produzido uma sequência em que giraria em torno de dois criados (um mordomo — que originaria Edgar, e uma camareira) que tentavam frustradamente roubar a herança de uma senhora excêntrica (a qual originaria a Madame Adelaide) que a dá para seus gatos de estimação, e seria focado principalmente em suas tentativas de consegui-la, além de uma subtrama focada na gata que lutava pela vida de seus filhotes escondendo-os em uma variedade de casas e locais nos arredores de Paris.
Os atores que haviam pensados em interpretar o mordomo e a madame respectivamente seriam Boris Karloff e Françoise Rosay.
Durante a gravação do episódio Escapade in Florence, McGowan trouxe o roteiro que foi escrito por Tom Rowe, um americano que morava em Paris. 
 Então em agosto de 1962, o roteiro foi enviado em Burbank, onde lá foi "rejeitado" por um executivo desconhecido nos estúdios da Disney.
No entanto, Tytle entregou pessoalmente o roteiro para Walt Disney, que estava em Connaught, Londres.
Walt Disney aprovou o projeto, mas recomendou que editasse ele, fazendo cortes adicionais que foram feitas em fevereiro de 1963, mas antes que começasse a gravação em Paris, Tytle escreveu uma carta para Walt que abordou seu descontentamento com a revisão do roteiro e que este primeiro mandou uma resposta a Rowe, dizendo que as mudanças aprovadas por Walt fossem mantidas. Porém até junho daquele ano, o projeto foi arquivado, onde Tytle, indignado, fez uma discussão com Walt Disney, que recomendou ao primeiro que Aristogatas poderia ser um longa-metragem animado.
Com isso, Walt arquivou temporariamente o projeto em favor de Mogli, o Menino Lobo (1967), que estava sendo produzido. Durante isso, Wolfgang Reitherman, o futuro diretor do longa, tomou conhecimento do projeto, e sugeriu que ele poderia ser produzido ser um projeto de acompanhamento para o filme do menino lobo.
Porém devido a atrasos de produção, Harry Tytle foi aconselhado a concentrar seus esforços em projetos em live-action. Fazendo isso, abandonou o projeto e foi substituído por Winston Hibler.     
Então em 1966, quando a produção de Mogli, o Menino Lobo estava quase completa, Walt chamou Ken Anderson para fazer o trabalho preliminar de Aristogatas.
O projeto então foi sendo produzido por Ken Anderson que com as orientações ocasionais de Wolfgang Reitherman, escreveu um novo roteiro para o longa, começando do zero, e simplificando as duas histórias e que no decorrer disso tudo, o roteiro do longa passou a se concentrar nos gatos.
Walt Disney vendo os esboços preliminares de Aristogatas, aprovou o projeto, marcando desse modo, o último filme aprovado pelo próprio Walt pouco antes de sua morte em dezembro de 1966.
Após o lançamento de Mogli, o Menino Lobo nos cinemas em 1967, o estúdio de animação começou a produzir Aristogatas, e após isso, Reitherman assumiu a produção do longa-metragem, tomando o lugar de Hibler. Depois de ter feito isso, Woolie substituiu o enredo dramático em que a Duquesa estava obsessiva em encontrar um lar para poder cuidar de seus filhotes, que havia sido aprovado por Walt Disney, por uma divertida aventura, assim como foi 101 Dálmatas (explicando assim a semelhança). E quanto a camareira que era chamada de Elvira, começou a perder espaço no novo roteiro do longa, sendo logo depois removida do filme, decidindo que apenas Edgar fosse o vilão da película. 

Após essas coisas, Aristogatas finalmente foi concluído, e teve sua première em 11 de dezembro de 1970, e até ser lançado oficialmente na véspera de Natal de 1970, fazendo um sucesso grande, ainda que seja um pouquinho aquém do sucesso de Mogli, o Menino Lobo.
No Brasil, Aristogatas foi lançado em fevereiro de 1971.
Apesar do sucesso de lançamento Aristogatas foi criticado por haver fortes semelhanças com 101 Dálmatas, além de ser comparado ao longa A Dama e o Vagabundo (1955), pelo fato de ser um romance entre uma rica e um pobre.
Apesar das críticas de semelhanças com estes filmes, não impediu que Aristogatas fosse um sucesso na Europa, principalmente na França, o local onde a trama do longa em que se passa.

Sinopse
       
A história se passa em Paris em 1910, quando Madame Adelaide Bonfamille (chamada simplesmente de Madame no longa), uma milionária (provavelmente uma famosa cantora de ópera), decide passar a herança de sua fortuna para a sua gata Duquesa e seus filhotes Marie, Berlioz e Toulouse.
Indignado com isso, Edgar, um mordomo inglês da milionária, decide se livrar dos futuros herdeiros, levando-os para longe de Paris a fim de conseguir ter a herança, mas devido aos cães atrapalhados Napoleão e Lafayette, a cesta de onde estavam os gatinhos cai numa ponte, conseguindo suceder o seu plano e volta para a mansão.
A partir de então, Duquesa e seus gatinhos, junto do gato de rua Thomas O'Malley terão de encontrar o caminho de volta para a mansão e confrontarem o mordomo.

Elenco
Elenco original

        Eva Gabor deu a sua voz para a gata Duquesa. É o primeiro filme da Disney que a irmã de Zsa Zsa Gabor participou. Mais tarde emprestaria sua voz a ratinha Bianca, em Bernardo e Bianca (1977) e na continuação Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus (The Rescuers Down Under, 1990). Robie Lester deu a voz a Duquesa nas canções.
Eva faleceu em 1995, de pneumonia e Robie faleceu em 2005.

Phil Harris emprestou a voz ao gato de rua carismático Thomas O'Malley. É o segundo filme da Disney que Harris participou, sendo o primeiro Mogli, o Menino Lobo (1967), dublando o urso Balu.
Mais tarde dublaria o também urso João Pequeno em Robin Hood (1973).

Liz English dublou a gatinha Marie. 

Dean Clark na voz de Berlioz

Gary Dublin na voz de Toulouse

Hermione Baddeley emprestou a sua voz a Madame Adelaide Bonfamille. Hermione havia participado na Disney em Mary Poppins (1964), interpretando a empregada Ellen.
Hermione faleceu em 1986. 

Roddy Maude-Roxby na voz de Edgar.

Charles Lane, que fazia participações nos programas de TV da Disney e em filmes em live-action do estúdio nos anos 60, emprestou a sua voz a Georges Hautecourt, um velho amigo e advogado da Madame.
Charles faleceu em 2007.

Sterling Holloway fez a voz do ratinho Roquefort. Sterling esteve no estúdio anteriormente dublando o Gato de Cheshire em Alice no País das Maravilhas (1951), o narrador de Goliath II (1960), Ursinho Pooh, nos curta-metragens Ursinho Puff e a Árvore de Mel (1966) e Ursinho Puff e o Dia Chuvoso (1968), além de Kaa, em Mogli, o Menino Lobo.

A égua Frufru teve sua voz emprestada por Nancy Kulp nos diálogos. Sua voz durante a reprise de Everybody Wants to Be a Cat no final foi feita por Ruth Buzzi.

Scatman Crothers deu a voz ao gato Pilantra. Mais tarde ele seria conhecido por dublar Hong Kong Fu, por interpretar o lixeiro Louie na série Chico and the Man, além de interpretar Dick Hallorann no filme O Iluminado (1980).  
Scatman faleceu em 1986.

Vito Scotti, que também fazia participações nos programas de TV da Disney e em filmes em live-action da Casa do Mickey, emprestou sua voz ao gato italiano Peppo (cujo nome não foi revelado no filme). 
Scotti faleceu em 1996.

Paul Winchell, conhecido na Disney por dar a voz ao Tigrão, emprestou sua voz ao gato "chinês" (na verdade é um gato siamês) Shun Gon (nome também não revelado).
Paul Winchell retornaria aos longas, emprestando a voz a Bruno em O Cão e a Raposa (1981).
Paul se aposentou em 1999 e faleceu em 2005.


O ex-DJ Lord Tim Hudson dublou o inglês Gato do Ritmo (nome não revelado, Hip Cat nos créditos). Ele havia dado a voz a um dos abutres em Mogli, o Menino Lobo.

Thurl Ravenscroft dublou o gato russo Billy Baixo (nome não revelado, Billy Boss nos créditos). Thurl sempre trabalhou no estúdio da Disney tanto em dublagens quanto em canções de fundo. O último personagem dublado por Thurl foi Kirby em A Torradeira Valente (1987) e nas continuações nos anos 90.
Thurl faleceu em 2005.

Monica Evans fez a voz da gansa inglesa Abigail (do chapéu azul). Depois de Aristogatas, Monica dublou a Donzela Marian em Robin Hood (1973).

Carole Shelley dublou a gansa Amelia (de chapéu rosa), irmã gêmea de Abigail. Carole depois dublou a galinha Lady Kluck em Robin Hood e uma das moiras, muito mais tarde em Hércules (1997). 

Pat Buttram emprestou sua voz ao sabujo Napoleão. Pat mais tarde dublou o Xerife de Nottingham em Robin Hood, o rato almiscarado preguiçoso Luke em Bernardo e Bianca, Chefe em O Cão e a Raposa, uma das balas em Uma Cilada para Roger Rabbit (1988) e um mestre de cerimônia do Parque Gambá em Pateta — O Filme (1995).

George Lindsey, por sua vez, deu a voz ao bassê Laffayette. George mais tarde dublou o coelho Deadeye em Bernardo e Bianca.
George Lindsey faleceu em 2012.

Bill Thompson fez a sua última participação na Disney, emprestando a voz ao tio Waldo, um ganso inglês bêbado que fugiu do cozinheiro e tio das gansas Amelia e Abigail.

Peter Renaday, que fez muitos trabalhos na Disney tanto em animações e em live-action, deu a voz a um leiteiro rabugento que leva desapercebidamente os gatos, e um cozinheiro que tentou assar Tio Waldo em um restaurante em Paris.

Mel Blanc improvisou os coaxados de uma rã que assusta Berlioz. 

Dublagem brasileira

No Brasil, Aristogatas sempre manteve a dublagem de 1971, ano em que foi lançado no país.

Duquesa - Ruth Schelske (falando e cantando) e Dóris Monteiro (somente na canção Everybody Wants To Be a Cat)
Thomas O'Malley - Ênio Santos
Marie - Desconhecida
Berlioz - Paulo Scarpallo
Toulouse - Antonieta Matos 
Edgar - Milton Luis
Madame Adelaide - Lourdes Mayer
Advogado Georges - Magalhães Graça
 Roquefort - Cleonir dos Santos
Frufru - Neyda Rodrigues
Pilantra - Monsueto Menezes
Gatos da Malandragem: MPB-4
Napoleão e Tio Waldo - Waldir Fiori
Laffayette - Orlando Drummond
Amélia - Selma Lopes
Abigail - Terezinha Moreira
Leiteiro - Desconhecido
Cozinheiro - Desconhecido
Abertura (canção The Aristocats) - Ivon Curi

Fonte: Casa da Dublagem.

Continuações
 Aristocats: The Animated Series

Em 2003, o Disney Channel estava produzindo uma série animada envolvendo os três gatinhos crescidos, focada na gatinha Marie que teria um interesse amoroso Delancey, uma versão adolescente de Thomas O'Malley, além de novos personagens que também seriam gatos de rua.
A série em si é tecnicamente uma recriação do longa de 1970.
Porém, ao começar a série, a Disney aconselhou ao canal que em vez de produzir uma série para continuar o filme original, poderia fazer um longa-metragem que continuasse o filme e que serviria de introdução para a série (assim como Aladdin (1992)). 

Aristogatas 2
Com essa ideia em mente, a Disney começou a produzir Aristogatas 2 para que continuasse o longa e dar o ponto de partida para a série.
O filme teria os personagens originais da série, além de aparecer Duquesa e O'Malley como personagens secundários e teria como protagonista Marie.
A sequela até tinha prazo para ser lançado em 2007. Porém em 2006, quando a Disney comprou a Pixar, John Lasseter exigiu que cancelasse todos os projetos não-relacionados a linha de produtos do estúdio, o que levou a cancelar todos os planos de continuação para Aristogatas e incluindo a série planejada desde 2003, além de continuações para os outros longas da Disney como Pinóquio (1940) e O Galinho Chicken Little (2005).

Curiosidades
- Aristogatas foi indicado ao Oscar de melhores cenários. Foram usados mais de 900 planos de fundo pintados para fazer os cenários do longa.

- A partir da década de 2000, a gatinha Marie foi sendo sucesso pelos fãs da Disney através do mercado de produtos do estúdio como fichários, mochilas, borrachas, etc.
Foi por conta do sucesso da gatinha, que levou o estúdio a produzir Aristogatas 2.

- É o único longa da Disney com participação de Maurice Chevalier, que se despediu do cargo cantando a canção de abertura do longa antes de sua morte em 1972.
Apesar disso, uma caricatura de Chevalier pode ser vista no curta-metragem de Mickey , Mickey's Gala Premiere, de 1933.

- Assim como Mogli, o Menino Lobo, a aparência e a personalidade foi baseada nos atores que faziam suas vozes.

- Para fazer a cena de Thomas O'Malley se afogando para salvar Marie, Phil Harris fez grunhidos e tosses do personagem enfiando parte de seu rosto em uma bacia de água enquanto assistia o filme na tela. Ele fez a cena em apenas um mergulho.

- Louis Armstrong estava envolvido no projeto para dublar o gato Pilantra, mas por razões desconhecidas, Armstrong abandonou o projeto, mas a personalidade e os movimentos do tocador de trompete permaneceram no personagem.
Louis Armstrong, mais tarde serviria de inspiração ao crocodilo Louie em A Princesa e o Sapo (2009). 
Scatman Chroters, o substituto de Armstrong, foi orientado para "fingir que era Schatmo".

O nome completo de Thomas O’Malley (só aparece na versão original do longa em inglês) é Abraham Delacey Giuseppe Cassey Thomas O’Malley.

- Segundo as folhas de conceito artístico de Ken Anderson, o nome da gatinha Marie é uma homenagem a rainha e arquiduquesa austríaca Maria Antonieta de Habsburgo-Lorena (última rainha da monarquia francesa), a qual era conhecida pelas suas atitudes polêmicas.

- O nome do gatinho Toulouse é uma homenagem ao pintor pós-impressionista e litógrafo francês Henri de Toulouse-Lautrec.

- Já o nome do gatinho Berlioz, é uma óbvia homenagem ao músico francês Hector Berlioz, conhecido pelas suas composições românticas, e principalmente pela sua obra Sinfonia Fantástica em Cinco Partes.

- O nome do cão Napoleão é uma óbvia referência ao Napoleão Bonaparte, e já o de Lafayette é uma homenagem ao aristocrata militarista francês e general da Revolução Americana Gilbert du Motier, conhecido como Marquês de La Fayette, onde nos Estados Unidos era mais conhecido como Lafayette. 

- Para fazer a animação das gansas Amelia e Abigail, Frank Thomas e Ollie Johnston filmaram gansos de verdade na fazenda de um amigo.

- Em algumas versões dos quadrinhos da Disney, Thomas O'Malley aparece nomeado de Matinhos, assim como Marie aparece nomeada de Fifi.

- Napoleão e Lafayette teriam sua cena apenas na primeira perseguição, mas eles fizeram tanto sucesso que os produtores tiveram de mudar o roteiro do filme para que os cães pudessem aparecer de novo.

- Por ser um vilão bastante britânico, os produtores deram a Edgar uma jaqueta preta e uma calça cinza-azulada feitas tudo sob medida, para dar uma aparência mais "gentil" a ele. 

- Apesar de oficialmente ser chamado de Edgar no longa, nos créditos do longa estava creditado como Butler (Mordomo, em inglês), assim como Georges foi creditado como Lawyer (Advogado).

- Paul Collins que havia dado a voz ao irmão de Wendy, João em Peter Pan (1952), foi considerado para dar a voz a Edgar, mas a ideia foi logo cancelada.

- A única personagem que foi deletada foi Elvira, uma camareira que assim como Edgar, queria a herança da Madame Adelaide e que ajudava o mordomo, além de querer se casar com ele.

Uma das atrizes que foram consideradas para dublar a camareira foi Elsa Lanchester, que havia participado antes em Mary Poppins, como Katie Nanna.
Chegou até ser feita uma canção How Much You Mean to Me (também conhecida como Court Me Slowly), a qual foi composta pelos irmãos Sherman.
Foi deletada, quando o longa mudou de enredo passando a se concentrar mais em Duquesa e nos gatinhos, perdendo desse modo o sentido de estar no longa, além de decidirem que somente Edgar fosse o vilão do longa. 

-  Os irmãos Sherman, cujo pai escreveu o grande sucesso de Maurice Chevalier Living in the Sunlight, Loving in the Moonlight, tiraram Chevalier de sua aposentadoria para cantar a canção-título do longa.

Conclusão
Aristogatas é um longa que vale muito a pena assisti-lo.
Cenários bonitos e atraentes, este clássico marcou a infância certamente de muitos aqui no Brasil.
Este clássico, apesar de ser feito em uma época difícil para o estúdio, após a morte do Walt, não deixa de ser um bom filme.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Os segmentos não-realizados de Fantasia

Fantasia (1940) foi o clássico que a Disney sem dúvidas queria que ele fosse um grande sucesso do estúdio, porém infelizmente ele não foi isso que Walt esperava.
Este sentimento de Walt Disney levou a cancelar todos os segmentos que ele planejou, que seriam lançados a cada relançamento de Fantasia nos anos seguintes.
Mas vocês irão se perguntar, que segmentos são esses?
Este post ele vai mostrar os segmentos não-produzidos de Fantasia, quando originalmente ele seria.

História e produção dos segmentos não-produzidos

Esta história todos já devem saber, pois já a viram nos posts de Musicana e de Fantasia 2000.
Em 1940, antes do lançamento original de Fantasia, Walt Disney estava planejando que o longa quando fosse relançado nos cinemas, e que teria segmentos novos em cada relançamento anual.
Contando com os animadores e produtores do estúdio, eles produziram alguns dos segmentos.
A maioria está registrado no livro Future Fantasias, que conta todos os segmentos planejados.
O cancelamento, como já sabemos, é que por causa do fracasso crítico no lançamento inicial de Fantasia, a Segunda Guerra Mundial ter fechado o mercado europeu, Walt ficou com receio de que os novos segmentos seriam maçantes para o público leigo.
Com isso todos os segmentos planejados para os relançamentos de Fantasia, foram todos engavetados.

Este projeto (que aqui vou chamar de Future Fantasias) deixou um grande legado no estúdio, levando Roy E. Disney (sobrinho de Walt Disney) a criar uma nova sequência de Fantasia em 1974, mas deixou de lado por final dos anos 70, possivelmente após o lançamento de Bernardo e Bianca (1977) nos cinemas, Mel Shaw, com a ajuda de Wolfgang Reitherman idealizaria uma continuação chamada Musicana, que ao contrário de Future Fantasias, ele teria músicas referentes a países, eruditas ou não, cujos segmentos já foram roteirizados em storyboards.
Musicana porém foi cancelado, assim como Future Fantasias, por três seguintes motivos: Falta de recursos financeiros do estúdio na década de 1980, os executivos estavam temerosos com o resultado que ele apresentaria (pois Fantasia não foi bem-recebido na bilheteria) e por restrições orçamentárias em favor de O Conto de Natal do Mickey (1983) e O Caldeirão Mágico (1985).

No início da década de 1990, Roy E. Disney produziu Fantasia 2000 (inicialmente o chamava de Fantasia Continued a Fantasia 1999), que é a única continuação de Fantasia que foi realizada até os dias de hoje.
Fantasia 2000 foi lançado oficialmente em 2000.

Alguns anos lançamento de Fantasia 2000, a Disney começou a produzir uma terceira continuação conhecida como Fantasia 2006.
Ele seria como Musicana nos anos 80, mas com músicas menos eruditas e possui um lado mais artístico do que os outros Fantasias.
Porém ao contrário de Fantasia 2000, Fantasia 2006 nunca foi realizado e quatro dos segmentos originais do longa foram lançados separadamente no decorrer da década de 2000.

Isto tudo foi o que Future Fantasias deixou como legado.

Os segmentos 

Voltando para o Future Fantasias, apesar dele ter nunca ter sido realizado e produzido, ele chegou a ter seus segmentos pré-produzidos.
Estes são os seguintes segmentos que foram planejados entre o final dos anos 30 e o início dos anos 40:

A Cavalgada das Valquírias
Este segmento musicada pela composição de mesmo nome de Richard Wagner se passa na Escandinávia, e conta a história das valquírias (deidades femininas que escolhem os mortos, na mitologia germânica) que descem dos céus e ajudam dois heróis em uma batalha.
 Walt Disney sentia que esse segmento não deveria ser usado, pois iria promover o nacionalismo dos alemães (lembrando que era época de Segunda Guerra) e que Hitler gostava muito das composições de Richard Wagner.


Imagens do segmento







O Cisne de Tuonela
Este segmento cuja música usada seria a composição de mesmo nome do compositor finlandês Jean Sibelius, seria baseado no conto finlandês de um cisne que guia os espíritos para o céu.
Apesar de Walt ter optado não ter o cisne visto, ele queria manter a essência do conto. Com isso, o cisne seria substituído por um barco que carregava um cadáver através dos canais que passava até chegar a uma caverna que leva ao céu. 


Imagens do segmento




O Balé dos Bebês
Este segmento ao som da canção de ninar de Frédéric Chopin seria uma paródia de balés famosos estrelados por bebês em uma creche, onde são cuidados por cegonhas. 
A arte deste segmento foi feita por Mary Blair.

Imagens do segmento








Aventuras em um carrinho de Bebê
Ao som da peça de balé de 1914 de John Alden Carpenter, este segmento conta a história de um passeio em um parque do ponto de vista de um bebê dentro de um carrinho.
A arte preliminar do segmento foi feita por Sylvia Holland. 

Trecho da composição

Imagens do segmento






Um Convite para a Valsa
Este segmento desta vez gira em torno dos pégasos do segmento original Sinfonia Pastoral, tendo em foco o filhote de pégaso preto que se mete em desventuras ao sair do ninho de pégasos, encontrando-se com uma família de patos e uma abelha.
A composição usada para o segmento seria a música de mesmo nome do título de Carl Maria von Weber. 


Imagens do segmento




O Voo do Zangão
Este segmento que seria musicado pela famosa composição O Voo do Besouro, de Rimsky-Korsakov, teria como trama as aventuras de um zangão curioso.
Sam Armstrong (um dos diretores de Fantasia) havia sugerido a Walt Disney que quando fosse utilizar a composição, projetasse a imagem do zangão nas paredes dos cinemas, para dar impressão de que ele está voando sobre o público.
Uma versão alternativa do segmento foi usada mais tarde como um segmento de Tempo de Melodia (1948), porém num estilo de jazz, ao invés da versão clássica.

Imagens do segmento



Segmento Bumble-Boogie, de Tempo de Melodia.

Outros segmentos

No livro Future Fantasias foi registrado uma porção de composições planejadas para estarem em futuros relançamentos.
Dentre eles estaria Carmen, que seria uma paródia da ópera de Georges Bizet (cuja ária Habanera foi utilizada em Aristogatas (1970)), Carnaval Romano de Berlioz Benvenutto Cellini, O Mar de Claude Debussy e As Bodas de Fígaro de Mozart.
Estes segmentos nunca saíram do papel.
Outros segmentos também citados no livro foram os segmentos Os Pinheiros de Roma, Rapsódia em Azul e A Suíte do Pássaro de Fogo, que só foram realizados como segmentos de Fantasia 2000.

  Conclusão

Fantasia é infinito.
Esta frase dita por Walt Disney mostra que Fantasia é um clássico que jamais será terminado.
Fantasia é o único clássico da Disney que demonstra todo o trabalho e o melhor de todos os animadores do estúdio.
É um clássico que nunca tem fim, pois possui muitas músicas eruditas ou não que têm chances de serem animados.
A única coisa que nós podemos ter é esperança de que os produtores deem uma chance as continuações de Fantasia, pois é como próprio Walt Disney nos diz: Bons projetos nunca morrem.